domingo, 21 de agosto de 2011

ação entre amigos


MÁFIA DO TURISMO
MPF quer bloquear R$ 4 mi em bens de envolvidos em fraudes
Pedido envolve pelo menos 20 imóveis, além de contas de "laranjas"

Macapá. O Ministério Público Federal (MPF) pediu à Justiça o bloqueio de bens dos investigados pela operação Voucher da Polícia Federal, que apura um esquema de desvio de verbas no Ministério do Turismo. De acordo com a solicitação assinada pelo procurador Celso Leal, há pelo menos 20 imóveis que podem ser bloqueados, além de contas bancárias das empresas de fachada ligadas às investigações.

Os valores podem ultrapassar R$ 4 milhões, valor mínimo que teria sido desviado dos projetos da pasta. A justificativa é que os bens possam assegurar o ressarcimento aos cofres públicos do dinheiro supostamente desviado.

A operação Voucher começou após uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) ter identificado fraudes num convênio de R$ 4,4 milhões do Turismo com o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi). A entidade teria, segundo a PF, repassado recursos para empresas de fachada - os serviços jamais foram executados.

Outro convênio, de R$ 5 milhões, também não teria sido realizado. Os dois contratos receberam dinheiro de uma emenda parlamentar da deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP).

Antes do Ibrasi, o esquema teria entrado em ação por meio da Conectur, que funciona em uma igreja evangélica. O pastor Wladimir Furtado, dono da empresa, disse que a deputada tentou assumir um convênio de R$ 2,5 milhões transformando a Conectur numa espécie de "laranja".

No total, 35 pessoas foram presas pela operação, incluindo o número dois do ministério, Frederico Costa - todos já estão soltos.

O procurador decidiu denunciar 18 dos detidos - incluindo integrantes da cúpula da pasta - por improbidade administrativa, peculato e formação de quadrilha.

Onteom, mais cinco servidores suspeitos de irregularidades foram afastados. Segundo a portaria, o afastamento será por 60 dias e pode ser prorrogado por mais 60, porém sem prejuízo de remuneração. O objetivo é evitar que os servidores interfiram nas investigações.

Campeões. Parlamentares do PMDB e do PT foram os que mais destinaram emendas individuais ao Ministério do Turismo durante a elaboração do orçamento de 2011. A área é tradicionalmente uma das mais infladas no Congresso. Em 2010, o Executivo propôs gastos de R$ 862 milhões, mas os congressistas elevaram o montante para R$ 3,5 bilhões.

Parlamentares do PMDB destinaram R$ 285,8 milhões de suas emendas individuais ao setor e os do PT, R$ 230,6 milhões. Somados, representam 36,5 % do total de R$ 1,411 bilhão de emendas individuais.



PEDIU DOAÇÕES
WILSON PEDROSA
Sem dinheiro para a fiança, pastor se apresenta à Justiça 
Pastor Furtado entra em um a roubada.
Livre. Furtado ganhou mais prazo para pagar a fiança; até ontem, ele havia juntado só R$ 16,2 mil

Macapá. O pastor Wladimir Furtado, dono da Cooperativa de Negócios e Consultoria Turística (Conectur), se reapresentou à Justiça Federal, ontem, e disse que não conseguiu arrecadar o necessário para pagar a fiança de R$ 109 mil. Ele afirmou que, com a ajuda de amigos, familiares e fieis da igreja, conseguiu obter apenas R$ 16,2 mil.

Preso pela operação Voucher, Furtado foi liberado após obter um habeas corpus e entregar um cheque correspondente à fiança, que não tinha fundos.

O pastor e empresário tinha prazo até ontem para compensar o cheque. Ele chegou a fazer um apelo em rádios e em uma TV local pedindo doações. "Eu queria pedir ajuda. A gente vai devolver assim que dispuser do nosso patrimônio", afirmou, em um programa de TV.

No início da noite de ontem, a Justiça ampliou o prazo até sexta-feira para o pagamento. Se Furtado não compensar o cheque, voltará para a prisão. À tarde, o advogado Maurício Pereira havia tentado, sem sucesso, pedir a redução do valor – ele chegou a propôr, como alternativa, que seu cliente fosse proibido de fechar novos contratos com o governo.

TENTÁCULOS
Grupo pretendia superfaturar obras em outros órgãos públicos
BRASÍLIA.  A organização acusada de desviar verbas de convênios do Ministério do Turismo no Amapá estendia seus tentáculos para outros órgãos públicos em todo o país. Segundo o jornal "O Globo", escutas realizadas com autorização da Justiça revelam que os envolvidos tinham a intenção de fraudar licitações e superfaturar obras de prefeituras e até da construção de um porto, empreendimento fora da abrangência da pasta.

Numa das conversas, o diretor-executivo do Ibrasi, Luiz Gustavo Machado, conversa com um empresário identificado como João Carlos sobre a possibilidade de ajudá-lo com uma licitação. "Tinha uma concorrência pra pôr na sua mão, faz vinte dias que eu tô atrás de você", afirma Machado.

Em outra ligação, ele fala sobre superfaturamento com o amigo Roberto Rufica. "Você sabe quanto é o preço ganho na licitação?", pergunta Rufica, respondendo em seguida: "R$ 165 o metro cúbico, ganhou a licitação com esse preço". "Podia pagar 50 né?", retruca Machado entre risos.

Os grampos flagraram ainda Sandro Saad, diretor financeiro do Ibrasi, conversando com um empresário sobre um edital de R$ 31 milhões – ainda não publicado – da Prefeitura de São Vicente (SP). A prefeitura não se manifestou sobre a denúncia.
ALEXANDRE GUZANSHE
Gilmar Mendes criticou "excessos" da PF na operação Voucher




Em crítica indireta à PF, Dilma afirma que vai "coibir abusos"
Diretores do Ibrasi foram flagrados negociando fraudes em licitações  WILSON PEDROSA/


Brasília. A presidente Dilma Rousseff mandou recados, em discurso realizado ontem, aos membros do Ministério Público e da Polícia Federal. Ela afirmou que o governo "se empenhará em coibir abusos e respeitar a dignidade humana". Dilma não gostou de ver suspeitos algemados durante a operação Voucher e ficou irritada com o vazamento de fotos dos detidos na prisão.

Os "excessos" também foram criticados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes. "Foi um episódio lamentável", disse.

Em nota, a Associação Nacional dos Delegados reagiu, alegando que "a corrupção no Brasil chegou a níveis inatingíveis" e "quando esses indivíduos são presos, os padrinhos se dizem ‘estarrecidos com a violência da PF’ (...) com o objetivo de desqualificar sua correta atuação".



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