domingo, 21 de agosto de 2011

sonegação é um prática capital


Operação da PF contra rombo de R$ 1 bi confisca até ilha
Investigações duraram quase dez anos e começaram em Minas Gerais
Polícia Federal (PF) e a Receita Federal realizaram ontem a Operação Alquimia, uma das maiores ações no país contra a sonegação. Na operação, as autoridades fizeram uma verdadeira devassa em um dos principais grupos do ramo de produtos químicos e termoplásticos em atuação no Brasil. Segundo a Receita, as empresas do grupo Triflex e Sasil, do empresário Paulo Sérgio Costa Pinto Cavalcanti, com sede na Bahia e atuação nacional, e um de seus braços, a Varient, que até o ano passado pertencia à Braskem - empresa da Odebrecht e da Petrobras -, teriam deixado de pagar R$ 1 bilhão em impostos. A dimensão do rombo levou a PF a sugerir à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional uma ação solicitando a intervenção judicial das cerca de 300 empresas, nacionais e estrangeiras, ligadas ao Sasil, sendo que ao menos 50 são de fachada e em nome de laranjas.

O rombo de R$ 1 bilhão refere-se apenas à sonegação de tributos federais, como Imposto sobre Produção Industrial (IPI). O valor ainda vai crescer quando entrarem na conta os estaduais, como o ICMS.

Às 6h de ontem, uma equipe, composta por 650 policiais federais acompanhados de auditores da Receita, agiu simultaneamente em 17 Estados brasileiros, mais Distrito Federal, para cumprir 31 mandados de prisão temporária, 63 mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é conduzida à delegacia para prestar depoimentos), 129 mandados de busca e apreensão, 62 sequestros de bens de pessoas físicas e 195 sequestros de bens de pessoas jurídicas. Os agentes federais prenderam 23 pessoas, a maioria na Bahia, e tomaram o depoimento de outras 45.

A ação é a conclusão de uma investigação de mais de uma década sobre crimes fiscais em empresas ligadas ao setor químico. Entre os bens confiscados estão uma ilha de 20 mil metros quadrados na Baía de Todos os Santos, próximo de Salvador, barcos, iates, ouro, aviões e mansões, além de maquinários industriais e fábricas. Em Minas, foi cumprido, em Belo Horizonte, um mandado de busca e apreensão e um de sequestro de bens, todos no mesmo endereço, que não foi revelado pela Polícia Federal.

Embora existam articulações em vários Estados, Bahia e São Paulo, segundo a PF, são os locais onde a quadrilha mais atuava. Dos 31 mandados de prisão, 24 foram expedidos para a Bahia. O comando da operação ficou em Minas Gerais em razão de a investigação ter começado no Estado quando uma empresa de fachada foi descoberta em Juiz de Fora, em 2002. "Mais tarde, descobrimos que aquela era a ponta do iceberg e que a empresa estava ligada a um esquema de lavagem de dinheiro e sonegação que estava sendo investigado desde a década de 1990", contou o superintendente da Receita Federal em Minas Gerais, Hermano Machado.
Segundo o coordenador da operação, Marcelo Freitas, o cumprimento do sequestro de bens deve gerar cerca de R$ 1 bilhão para devolver à Receita o valor sonegado pelo esquema. (com agências)





Pedreiro e um motorista movimentavam R$ 32 milhões
Belo Horizonte e Salvador. Uma empresa que tinha como "sócios" um pedreiro e um motorista movimentou R$ 32 milhões entre 1996 e 2009, de acordo com o inquérito da operação Alquimia. Trata-se da Zwrox Distribuidora de Produtos Químicos que, segundo a polícia, era uma empresa de fachada incluída no esquema de sonegação. Segundo o inquérito, a Zwrox chamou a atenção do fisco por causa da movimentação financeira incompatível com o capital de R$ 50 mil.

Depois disso, os primeiros laranjas foram substituídos no quadro acionário da empresa por companhias sediadas nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal no Caribe. Na prática, segundo a Polícia Federal, elas eram comandadas por procuradores e contadores ligados ao esquema.
Luxo. Ilha perto de Salvador, de 20 mil metros quadrados, tinha bens milionários e ouro no cofre


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