A geografia do crack no Brasil
Após 22 anos dos primeiros registros da entrada do crack no Brasil, os governos federal e estaduais ainda desconhecem a dimensão do consumo e do estrago da droga no país. A realidade é confirmada pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), órgão ligado ao Ministério da Justiça, responsável pelos programas de enfrentamento ao crack.
Um estudo sobre o mapeamento das cracolândias e do impacto do entorpecente no Brasil está sendo feito pela Senad, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Essa geografia da droga é a aposta das autoridades públicas para, ao menos, frear o problema. O diretor de Assuntos Internacionais e Projetos Estratégicos da Senad, Vladimir Stempliuk, reconhece a falta de dados concretos para confirmar se existe, ou não, uma epidemia do consumo do crack no país.
As respostas, de acordo com ele, serão dadas pelo levantamento, considerado o maior do mundo sobre o assunto. "Acreditamos em um aumento exponencial do consumo. Temos indicadores que apontam para a disseminação do uso onde antes não tinha. Agora, qual a dimensão disso? É o que a pesquisa vai responder", afirma Stempliuk.
Dados parciais do estudo demonstraram a existência de cenas de consumo itinerantes, formadas por pequenos grupos de usuários da droga, além das cracolândias tradicionais abrigadas nos centros das grandes cidades. A descoberta, segundo Stempliuk, irá ajudar na criação de novas maneiras de abordagem desses grupos de usuários. "Um dia eles usam em um lugar, depois se movimentam para outros. Essas cenas são dinâmicas. A partir disso, temos que usar equipes de redução de danos, também itinerantes, como o PSF (Programa Saúde da Família), agentes comunitários", afirma.
Veja arte com a Geografia do Crak no Brasil:
DANIEL IGLESIAS
Usuários de crack dominam regiões da cidade e criam espaços onde o uso da droga é tolerado
O problema chamou a atenção do governo brasileiro somente em maio de 2010, quando foi lançado o Plano Integrado de Enfrentamento ao crack e outras drogas com o orçamento de R$ 410 milhões. As prioridades do plano seriam a intensificação da fiscalização nas fronteiras dos países produtores e o treinamento de profissionais dos Centros de Assistência Psicossocial, de professores e de agentes comunitárias.
Tráfico. No Relatório Mundial sobre Drogas 2011, lançado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em junho passado, o Brasil foi o campeão das Américas em 2008 na apreensão de crack, com 354 kg interceptados pela Polícia Federal. Nos dois últimos anos, o documento não traz informações. No entanto, o Ministério da Justiça informou que, em 2009, foram apreendidas 4,5 toneladas da droga - mais de dez vezes a quantidade interceptada no ano anterior.
A pasta-base de cocaína, substrato utilizado para a produção do crack, entra no Brasil pelas fronteiras com a Colômbia, Bolívia e Peru, principais produtores da substância. De lá, é distribuída para a fabricação da droga em laboratórios clandestinos em vários Estados.
Somente em Belo Horizonte, neste ano, a Polícia Federal apreendeu 50 kg de pasta-base. No ano passado, os agentes interceptaram 200 kg na capital. Entre as principais rotas de entrada da droga em Minas, a PF aponta o Estado de São Paulo, o Triângulo Mineiro e o município de Passos (Sul de Minas) como centros fornecedores.
O delegado da Polícia Federal Bruno Zampier explica que as apreensões de pasta-base são comuns entre os flagrantes relacionados ao crack. De acordo com ele, o produto é mais fácil de transportar, já que a quantidade bruta pode render oito vezes o volume em crack.
"O que é mais fácil para o traficante? Carregar 10 kg de pasta ou 100 kg de crack? Depois, é só refinar nos laboratórios de fundo de quintal", diz o delegado.

Após 22 anos dos primeiros registros da entrada do crack no Brasil, os governos federal e estaduais ainda desconhecem a dimensão do consumo e do estrago da droga no país. A realidade é confirmada pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), órgão ligado ao Ministério da Justiça, responsável pelos programas de enfrentamento ao crack.
Um estudo sobre o mapeamento das cracolândias e do impacto do entorpecente no Brasil está sendo feito pela Senad, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Essa geografia da droga é a aposta das autoridades públicas para, ao menos, frear o problema. O diretor de Assuntos Internacionais e Projetos Estratégicos da Senad, Vladimir Stempliuk, reconhece a falta de dados concretos para confirmar se existe, ou não, uma epidemia do consumo do crack no país.
As respostas, de acordo com ele, serão dadas pelo levantamento, considerado o maior do mundo sobre o assunto. "Acreditamos em um aumento exponencial do consumo. Temos indicadores que apontam para a disseminação do uso onde antes não tinha. Agora, qual a dimensão disso? É o que a pesquisa vai responder", afirma Stempliuk.
Dados parciais do estudo demonstraram a existência de cenas de consumo itinerantes, formadas por pequenos grupos de usuários da droga, além das cracolândias tradicionais abrigadas nos centros das grandes cidades. A descoberta, segundo Stempliuk, irá ajudar na criação de novas maneiras de abordagem desses grupos de usuários. "Um dia eles usam em um lugar, depois se movimentam para outros. Essas cenas são dinâmicas. A partir disso, temos que usar equipes de redução de danos, também itinerantes, como o PSF (Programa Saúde da Família), agentes comunitários", afirma.
Veja arte com a Geografia do Crak no Brasil:
DANIEL IGLESIAS
Usuários de crack dominam regiões da cidade e criam espaços onde o uso da droga é tolerado
O problema chamou a atenção do governo brasileiro somente em maio de 2010, quando foi lançado o Plano Integrado de Enfrentamento ao crack e outras drogas com o orçamento de R$ 410 milhões. As prioridades do plano seriam a intensificação da fiscalização nas fronteiras dos países produtores e o treinamento de profissionais dos Centros de Assistência Psicossocial, de professores e de agentes comunitárias.
Tráfico. No Relatório Mundial sobre Drogas 2011, lançado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em junho passado, o Brasil foi o campeão das Américas em 2008 na apreensão de crack, com 354 kg interceptados pela Polícia Federal. Nos dois últimos anos, o documento não traz informações. No entanto, o Ministério da Justiça informou que, em 2009, foram apreendidas 4,5 toneladas da droga - mais de dez vezes a quantidade interceptada no ano anterior.
A pasta-base de cocaína, substrato utilizado para a produção do crack, entra no Brasil pelas fronteiras com a Colômbia, Bolívia e Peru, principais produtores da substância. De lá, é distribuída para a fabricação da droga em laboratórios clandestinos em vários Estados.
Somente em Belo Horizonte, neste ano, a Polícia Federal apreendeu 50 kg de pasta-base. No ano passado, os agentes interceptaram 200 kg na capital. Entre as principais rotas de entrada da droga em Minas, a PF aponta o Estado de São Paulo, o Triângulo Mineiro e o município de Passos (Sul de Minas) como centros fornecedores.
O delegado da Polícia Federal Bruno Zampier explica que as apreensões de pasta-base são comuns entre os flagrantes relacionados ao crack. De acordo com ele, o produto é mais fácil de transportar, já que a quantidade bruta pode render oito vezes o volume em crack.
"O que é mais fácil para o traficante? Carregar 10 kg de pasta ou 100 kg de crack? Depois, é só refinar nos laboratórios de fundo de quintal", diz o delegado.
Entorno de BH vira depósito
A região metropolitana de Belo Horizonte se transformou em um grande depósito de pasta-base de cocaína e crack. É o que dizem as investigações feitas pela Polícia Civil.
O coordenador Antidrogas do Estado, Rodrigo Ulhôa, explica que a distribuição do crack se tornou pulverizada. "O carregamento chega e é fracionado pela região metropolitana. À medida em que existe uma demanda pelas bocas de fumo, essa droga vai sendo fornecida aos poucos pelos traficantes". (FMM)
O coordenador Antidrogas do Estado, Rodrigo Ulhôa, explica que a distribuição do crack se tornou pulverizada. "O carregamento chega e é fracionado pela região metropolitana. À medida em que existe uma demanda pelas bocas de fumo, essa droga vai sendo fornecida aos poucos pelos traficantes". (FMM)
Minientrevista
Vladimir Stempliuk
Diretor de assuntos internacionais e de projetos da Senad
O que torna o crack uma droga preocupante no Brasil?
Uma delas é a característica da substância, que instaura um quadro de dependência rápida. Isso causa um problema financeiro porque o aporte de recursos para a droga é grande. Então, a pessoa rouba, se prostitui e comete outros crimes. Temos aumento de doenças e mortes, causadas muitas vezes por acerto de contas com traficantes. E, finalmente, nós temos a disseminação da droga em todas as regiões do Brasil.
A dimensão do problema não é conhecida pela Senad. O órgão espera resolver esse problema com a pesquisa em curso, feita em parceria com a Fiocruz e a Universidade de Princeton?
Não sabemos se existe epidemia. É isso que o governo quer responder com essa pesquisa.Dados importantes são os de apreensão de pasta-base, que aumentou desde 2006. Vamos aguardar a conclusão do estudo e divulgaremos em breve.
No caso de Belo Horizonte, a reportagem percorreu locais onde o consumo de crack é feito por um grupo pequeno de pessoas. O senhor acredita que esse fenômeno está acontecendo em outras cidades?
Uma das etapas do estudo é mapear as regiões onde existe o uso ostensivo do crack nas ruas. A pesquisa tem mostrado que, além de ter as grandes cracolândias nos municípios brasileiros, existem os pontos itinerantes e dinâmicos.(FMM)
Uma delas é a característica da substância, que instaura um quadro de dependência rápida. Isso causa um problema financeiro porque o aporte de recursos para a droga é grande. Então, a pessoa rouba, se prostitui e comete outros crimes. Temos aumento de doenças e mortes, causadas muitas vezes por acerto de contas com traficantes. E, finalmente, nós temos a disseminação da droga em todas as regiões do Brasil.
A dimensão do problema não é conhecida pela Senad. O órgão espera resolver esse problema com a pesquisa em curso, feita em parceria com a Fiocruz e a Universidade de Princeton?
Não sabemos se existe epidemia. É isso que o governo quer responder com essa pesquisa.Dados importantes são os de apreensão de pasta-base, que aumentou desde 2006. Vamos aguardar a conclusão do estudo e divulgaremos em breve.
No caso de Belo Horizonte, a reportagem percorreu locais onde o consumo de crack é feito por um grupo pequeno de pessoas. O senhor acredita que esse fenômeno está acontecendo em outras cidades?
Uma das etapas do estudo é mapear as regiões onde existe o uso ostensivo do crack nas ruas. A pesquisa tem mostrado que, além de ter as grandes cracolândias nos municípios brasileiros, existem os pontos itinerantes e dinâmicos.(FMM)
"Um dias eles usam (o crack) em um lugar, depois se movimentam para outros. Essas cenas de consumo de drogas são dinâmicas. (...) Agora qual a dimensão disso? A pesquisa vai responder. (Vladimir Stempliuk, diretor da Senad)
Capital tem 280 minicracolândias
RAFAEL ROCHA
Praças, viadutos, lotes vagos, casas abandonadas ou ruas ermas e mal-iluminadas. Belo Horizonte viu nascer, nos últimos anos, uma série de espaços que, antes inabitados e pacatos, tornaram-se áreas de uso do crack. Se a mais conhecida cracolândia da capital fica nas proximidades da Pedreira Prado Lopes, na região Noroeste, um mapeamento inédito feito pela fundação Oswaldo Cruz - que ainda será publicado - revela que a cidade conta hoje com 280 pontos de consumo de crack, o que os especialistas chamam de "cenas de uso", onde nem sempre a presença do tráfico é ostensiva.
Durante semanas, a reportagem visitou alguns desses lugares e constatou que a multiplicação de pontos menores vem acompanhada de um acesso mais facilitado à substância.
Durante o dia, as "cenas de uso" são basicamente frequentadas por moradores de rua e pessoas à margem da sociedade - desempregados, prostitutas e gente que a família abandonou. À noite, pessoas de classe média também fazem parte do cenário, como, por exemplo, gente que encerra o expediente no trabalho e vai de carro consumir a pedra. Sob efeito do crack, não raro, usuários entram no mundo do crime - roubos e furtos são comuns - e também se colocam sexualmente vulneráveis. Muitos se relacionam com maior frequência com desconhecidos e quase sempre sem preservativo.
A atividade nesses espaços, espalhados por todas as regiões da cidade, é constante, com dependentes alimentando seu vício indiscriminadamente. Sem saída, a vizinhança é obrigada a se acostumar com o cenário. É o caso da praça da Saudade, no bairro Santa Branca, na Pampulha, que virou ponto predileto de usuários da região. Sujo e abandonado, o local também serve de moradia para usuários da droga, o que deixa moradores atormentados. "Chego de carro e tenho que dar voltas no quarteirão até saírem da porta da minha casa", relata um escrivão aposentado.
Nem mesmo bairros movimentados como o centro escapam do flagrante. Nos sete dias da semana, gente de toda sorte frequenta a avenida Santos Dumont, desde moradores de rua, passando por prostitutas até trabalhadores. Grupos pequenos, de cinco ou seis pessoas, sentam na porta de lojas que ficam menos iluminadas, acendem o cachimbo ali mesmo e ficam horas consumindo a droga. A cena já é tão corriqueira que quem passa por ali parece já estar acostumado com o que vê.
Durante semanas, a reportagem visitou alguns desses lugares e constatou que a multiplicação de pontos menores vem acompanhada de um acesso mais facilitado à substância.
Durante o dia, as "cenas de uso" são basicamente frequentadas por moradores de rua e pessoas à margem da sociedade - desempregados, prostitutas e gente que a família abandonou. À noite, pessoas de classe média também fazem parte do cenário, como, por exemplo, gente que encerra o expediente no trabalho e vai de carro consumir a pedra. Sob efeito do crack, não raro, usuários entram no mundo do crime - roubos e furtos são comuns - e também se colocam sexualmente vulneráveis. Muitos se relacionam com maior frequência com desconhecidos e quase sempre sem preservativo.
A atividade nesses espaços, espalhados por todas as regiões da cidade, é constante, com dependentes alimentando seu vício indiscriminadamente. Sem saída, a vizinhança é obrigada a se acostumar com o cenário. É o caso da praça da Saudade, no bairro Santa Branca, na Pampulha, que virou ponto predileto de usuários da região. Sujo e abandonado, o local também serve de moradia para usuários da droga, o que deixa moradores atormentados. "Chego de carro e tenho que dar voltas no quarteirão até saírem da porta da minha casa", relata um escrivão aposentado.
Nem mesmo bairros movimentados como o centro escapam do flagrante. Nos sete dias da semana, gente de toda sorte frequenta a avenida Santos Dumont, desde moradores de rua, passando por prostitutas até trabalhadores. Grupos pequenos, de cinco ou seis pessoas, sentam na porta de lojas que ficam menos iluminadas, acendem o cachimbo ali mesmo e ficam horas consumindo a droga. A cena já é tão corriqueira que quem passa por ali parece já estar acostumado com o que vê.
PEDREIRA
Pedras são compradas até com cartão
A quantidade de usuários e a logística do tráfico justificam a fama da Pedreira Prado Lopes, na região Noroeste, como a maior cracolândia da cidade. Em uma madrugada de um dia qualquer, é comum ver dezenas de pessoas reunidas na calçada, todas com o mesmo objetivo: fumar pedras e mais pedras de crack.
O local é alvo constante de operações policiais, mas o tráfico resiste e conta com forte aparato. A todo momento, olheiros vigiam a rua Araribá e se comunicam em códigos quando a polícia ou alguém suspeito se aproxima. É o caso de Leonardo, um homem de 30 anos que saiu da casa de sua mãe, em Santa Luzia, na região metropolitana, para fumar crack e ficar na "atividade", expressão como é chamado o trabalho no tráfico. "Aqui, todo mundo vira amigo, só não pode vacilar", resume.
A frequência é mista, com homens, mulheres, crianças e idosos. Eles vêm de todas as regiões de BH e cidades vizinhas. "Alguns chegam aqui bem-vestidos, ficam viciados, maltrapilhos e somem", conta um comerciante. Eles já conseguem comprar crack até com cartão de débito e crédito. "Compram cerveja ou fralda no supermercado e trocam por crack", diz um morador. (RRo)
DANIEL IGLESIASO local é alvo constante de operações policiais, mas o tráfico resiste e conta com forte aparato. A todo momento, olheiros vigiam a rua Araribá e se comunicam em códigos quando a polícia ou alguém suspeito se aproxima. É o caso de Leonardo, um homem de 30 anos que saiu da casa de sua mãe, em Santa Luzia, na região metropolitana, para fumar crack e ficar na "atividade", expressão como é chamado o trabalho no tráfico. "Aqui, todo mundo vira amigo, só não pode vacilar", resume.
A frequência é mista, com homens, mulheres, crianças e idosos. Eles vêm de todas as regiões de BH e cidades vizinhas. "Alguns chegam aqui bem-vestidos, ficam viciados, maltrapilhos e somem", conta um comerciante. Eles já conseguem comprar crack até com cartão de débito e crédito. "Compram cerveja ou fralda no supermercado e trocam por crack", diz um morador. (RRo)
Mãe vendeu inalador
A rua Jaguarão é exemplo de como o crack vem dominando algumas regiões da capital. Escuro, o lugar é frequentado por vários viciados na pedra de efeito devastador.
Uma ex-presidiária de 27 anos é uma delas. Mãe de seis filhos, ela ganha dinheiro fazendo programas - a rua conta com um motel.
"Fumei crack hoje o dia todo. Vendi o inalador do meu filho de 9 meses para conseguir dinheiro para comprar mais droga".
Uma ex-presidiária de 27 anos é uma delas. Mãe de seis filhos, ela ganha dinheiro fazendo programas - a rua conta com um motel.
"Fumei crack hoje o dia todo. Vendi o inalador do meu filho de 9 meses para conseguir dinheiro para comprar mais droga".
Vendedor de cachimbo
No bairro Santa Branca, na Pampulha, uma praça foi dominada por usuários de crack. A reforma da avenida Pedro I é citada por moradores como possível fator de aumento da frequência de dependentes químicos no local.
Foi ali que um office-boy de 23 anos decidiu montar morada. Fugido de Lagoa Santa, na região metropolitana, por ter cometido um homicídio contra o assassino de seu irmão, ele mora no local há seis meses. "Vendo cachimbo de crack a R$ 5 e, com isso, consigo dinheiro para comprar a pedra".
DANIEL IGLESIASFoi ali que um office-boy de 23 anos decidiu montar morada. Fugido de Lagoa Santa, na região metropolitana, por ter cometido um homicídio contra o assassino de seu irmão, ele mora no local há seis meses. "Vendo cachimbo de crack a R$ 5 e, com isso, consigo dinheiro para comprar a pedra".
Presa pelo vício em crack
"Uso drogas há 40 anos. Meu ex-marido me apresentou ao crack e usei durante 17 anos da minha vida. Nunca fiz tratamento e só parei ano passado, depois que fui presa na boca, onde meus parentes já foram me buscar várias vezes. Abandonei casa, filhos, netos e bisnetos e cheguei a vender a pedra. Ficava dia e noite usando, não queria saber de comer, de tomar banho nem lembrava dos filhos. Me mudei para a favela para ficar mais perto da droga. O crack me levou para a sarjeta"
Pensionista, 58 anos
Pensionista, 58 anos
De carro e bem-vestido
Qualquer lote vago se transforma em espaço para consumo de drogas, especialmente do crack. Em um terreno na avenida Teresa Cristina, no bairro Betânia, dependentes químicos disputam o espaço em meio ao lixo e ao mato. A frequência não é exclusiva de maltrapilhos. Quando a reportagem esteve no local, um homem bem-vestido descia do carro para usar crack no lote abandonado.
Série de reportagens mostra amanhã como usuários destroem patrimônio com o vício e o despreparo das empresas
DANIEL IGLESIASSérie de reportagens mostra amanhã como usuários destroem patrimônio com o vício e o despreparo das empresas
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