domingo, 21 de agosto de 2011

NALU SAAD
Indústria mineira paga 73% a mais por energia do que mundo 
Estado figura no grupo que tem maior cobrança de impostos

Indispensável em todo tipo de indústria, a energia elétrica é mais cara em Minas Gerais do que em boa parte do mundo, inclusive nos países onde estão os principais concorrentes das empresas mineiras. A tarifa média de R$ 372,50 por megawatt-hora (MWh) no Estado está 13% acima da média brasileira, de R$ 329 o MWh, e é 73% a mais que a média apurada em um conjunto de 27 países do mundo, segundo dados são divulgados pela Agência Internacional de Energia (www.iea.org).

O disparate foi revelado ontem no estudo "Quanto custa a energia elétrica para a indústria no Brasil", da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Sistema Firjan). No mundo, apenas indústrias da Itália, Turquia e República Tcheca pagam mais pela energia elétrica, sendo que a diferença entre a Itália (R$ 458.3 o MWh) e Minas Gerais é de apenas 23%. Comparada com os países do Brics (bloco de emergentes composto por Brasil, Rússia, Índia e China), a energia elétrica para a indústria mineira é 165% mais cara. A situação não melhora no Mercosul. O empresário mineiro paga 89% a mais pelo insumo do que os que estão situados nos países vizinhos.

Mas, o título de energia elétrica mais cara do mundo não fica restrito a Minas Gerais. O estudo da Firjan revelou que a tarifa média brasileira para o serviço é 50% maior do que a dos 27 países pesquisados. O documento mostra ainda uma variação de 63% entre os valores praticados no território nacional, situação que tem a ver com a geografia, que interfere no custo de Geração, Transmissão e Distribuição da energia, e também com a carga tributária, que varia de 22,6% a 35,6% entre os Estados.

Nesse item, Minas novamente figura no grupo que tem maior cobrança de impostos (PIS, Cofins e ICMS), ao lado de Rio de Janeiro e Mato Grosso. Em nota, a Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais disse que o governo optou por ICMS diferenciada para isentar os mais pobres. Para a indústria, lembrou que o ICMS da energia elétrica não compõe o custo da empresa pois o valor pode ser abatido, a título de crédito, após a saída do produto.
MONTADORAS
Setor reclama de peso sobre preço final
A perda de competitividade em relação às empresas sediadas em outros países embasa os argumentos contra o alto custo de produção na indústria brasileira, no qual, está incluída a despesa com energia elétrica. O setor automobilístico do Brasil, por exemplo, arca com a maior tarifa no mundo, de acordo com estudo da Pricecooperswaterhouse (PcW). São  0,10 pelo kilowatt-hora (KWh), enquanto a europa paga  0,06, a Argentina 0,04 e o México  0,05.

O estudo foi apresentado em julho último pelo presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini. Além da energia, o documento, focado na indústria automotiva, mostra que são mais altos também no Brasil os preços da água, do próprio capital, e outros. Isso faz com que custo de produção de um veículo nacional é 60% mais alto do que na China, 40% a mais do que no México e 5% mais caro do que na Índia. (NS)
RECLAMAÇÃO
Fiemg aponta mais disparate
O grito da Firjan ontem já ecoa entre os mineiros há dez anos, disse o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Petrônio Machado Zica. "Desde 2000, o governo estadual aumenta a tributação sobre a energia elétrica. Faz isso porque é o imposto que não sofre risco de inadimplência ou sonegação, pois ninguém vive sem energia, a transferência é imediata pela concessionária estatal e dispensa fiscalização", desabafou.

Zica lembrou que a indústria paga tarifa 10 vezes mais cara pela energia que consome no horário de pico - após 18h. Na Delp Engenharia Mecânica, na qual é presidente, Zica dribla o custo usando um gerador movido a óleo diesel entre 18h e 21h. "Reduzi o gasto mensal com energia elétrica de R$ 120 mil para R$ 70 mil", conta.

Hoje, o setor industrial em 774 dos 853 municípios mineiros é atendido pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). Entre janeiro e março deste ano, as empresas mineiras pagaram R$ 1,066 milhão à companhia, ou seja, quase 30% do faturamento no período com prestação do serviço.

Em nota, a Cemig alegou que "quem define o valor da tarifa de energia elétrica de todas as concessionárias brasileiras é a Agência Nacional de Energia Elétrica", com base na relação dos custos da empresa. (NS)

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