sábado, 20 de agosto de 2011



Atirador queria "revolução"
Especialista diz que assassino usou bala "dum-dum", que explode no corpo
Oslo, Noruega. Anders Behring Breivik, o homem de 32 anos acusado pelos ataques terroristas contra a sede do governo norueguês em Oslo e contra um acampamento de jovens do Partido Trabalhista na ilha de Utoya, incidentes nos quais foram mortas 93 pessoas, afirmou ter sido motivado pelo desejo de promover uma revolução na sociedade norueguesa, afirmou o advogado do acusado, Geir Lippestad, ontem.

O acusado publicou na internet, no dia dos ataques, um manifesto xenófobo e de extrema-direita. "Ele queria uma mudança na sociedade e, a partir da perspectiva dele, queria forçar uma revolução", disse Lippestad, à televisão estatal NRK. "Ele desejava atacar a sociedade e a estrutura da sociedade".

"Nós, os povos europeus nativos livres, por este meio declaramos guerra prévia contra as elites marxistas e multiculturais da Europa Ocidental... Nós sabemos quem vocês são, onde vivem e vamos pegar vocês", diz o texto do acusado.

Um manifesto que Breivik publicou na internet - o qual a polícia afirma que foi postado no dia dos ataques, sexta-feira passada - reclama e condena a imigração de muçulmanos para a Europa e promete vingança contra "europeus nativos" que ele acusou de traírem sua herança. O manifesto afirmou que esses europeus seriam punidos por seus "atos traiçoeiros".

Enquanto a polícia norueguesa investiga a possibilidade de um segundo atirador, o advogado alega que Breivik afirma não ter recebido qualquer ajuda.

O manifesto detalha o plano para comprar armas de fogo e explosivos e mesmo parece descrever uma explosão: "Boom! A detonação foi um sucesso!", finaliza o texto de uma nota datada de 22 de julho, às 12h51 (hora local): "Eu acredito que esse foi o meu último acesso".

Naquele dia, uma explosão matou sete pessoas no centro da capital norueguesa e, horas depois, um homem abriu fogo contra dezenas de jovens acampados em uma ilha ao Norte de Oslo, matando 86, a maioria adolescente.

A polícia e o advogado de Breivik informaram que ele confessou o duplo atentando, mas negou a responsabilidade criminal pelo dia que abalou a pacífica Noruega e marcou o pior atentado na história do país. Breivik foi acusado de terrorismo e será indiciado hoje. Lippestad disse que seu cliente pediu por uma audiência pública "porque quer se explicar".

Balas. O cirurgião chefe no hospital que cuida das vítimas no massacre contra o acampamento dos adolescentes na Noruega, Colin Poole, disse que o atirador usou balas especiais projetadas para se desintegrarem nos corpos das vítimas e provocarem o máximo de danos físicos internos, as chamadas balas "dum-dum". "Essas balas explodem dentro dos corpos das vítimas. Elas provocam danos internos terríveis", disse Poole.

Especialistas em balística dizem que essas balas são mais leves e podem ser disparadas com maior precisão, a partir de distâncias variáveis.



DECEPÇÃO
Pai afirma que Anders era retraído na adolescência
Consternação. Noruegueses choram em um memorial, próximo à catedral de Oslo, pelas vítimas dos atentados ocorridos na sexta-feira EMILIO MORENATTI
OSLO. O pai do suspeito dos ataques que mataram 93 pessoas na Noruega ficou "emocionado" ao ver a fotografia de seu filho na primeira página dos jornais online no dia da tragédia, informou a edição de ontem do diário norueguês "Verdens Gang".

"Estava lendo as notícias na internet e, de repente, vi seu nome e sua foto. Ainda não consegui me recuperar da comoção", declarou o aposentado, que vive numa cidade francesa e preferiu não ter o nome revelado.

"Estou comovido, é terrível ouvir algo assim", acrescentou, afirmando ignorar as atividades às quais se dedicava o filho.

O homem, divorciado da mulher desde o nascimento do filho, disse ter perdido o contato em 1995, quando Anders Behring Breivik tinha 15 ou 16 anos.

"Quando era mais novo, era um menino normal, mas retraído, e não se interessava por política", disse ao jornal.

A polícia definiu Behring como um "fundamentalista cristão" de direita, hostil ao islamismo.

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