EXPLORAÇÃO
Zara é ligada à denúncia de uso de mão de obra escrava
Uma fornecedora mantinha, em SP, trabalhadores em situação irregular
Após a denúncia ter ido ao ar no programa "A Liga", da TV Band, na noite de anteontem, confirmou-se que a fiscalização do Ministério do Trabalho encontrou, no fim do mês de junho, uma casa na Zona Norte de São Paulo onde 16 pessoas, sendo 15 bolivianos, viviam e trabalhavam em semi-escravidão.
Eles produziam peças para uma empresa fornecedora da Zara, com loja em Belo Horizonte, que faz parte do grupo espanhol Inditex. A investigação da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo, acompanhada pela organização não governamental Repórter Brasil, envolveu a inspeção de quatro oficinas clandestinas na capital e no interior do Estado de São Paulo. "Antes disso, não tínhamos recebido nenhuma denúncia (contra a Zara)", disse a diretora do Sindicato das Costureiras de São Paulo e Osasco, Maria Susicléia Assis.
A Inditex divulgou nota na qual afirma que o flagrante de trabalho escravo "representa uma grave infração de acordo com o Código de Conduta para Fabricantes e Oficinas Externas da Inditex" e que a empresa, ao tomar conhecimento, "exigiu que o fornecedor responsável pela terceirização não autorizada regularizasse a situação dos trabalhadores imediatamente".
"Era um local abafado, com pouca iluminação, sem ventilação, malcheiroso, em que as janelas eram mantidas fechadas para ninguém saber que havia uma oficina de costura ali", conta Maria Susicléia, que esteve presente na fiscalização.
Eles enfrentavam jornada de trabalho de mais de 16 horas por dia em uma casa onde também viviam. A remuneração não era condizente com o tempo de trabalho, e eles tampouco tinham carteira assinada. Muitas vezes chegavam a trabalhar 20 horas por dia.
Para cada uma das blusas da coleção primavera-verão da Zara - peça que estava sendo fabricada no momento da fiscalização -, o dono da oficina recebia R$ 7. Os costureiros, R$ 2. Ao visitar uma loja da Zara no dia seguinte à operação, a repórter da ONG constatou que uma blusa semelhante era vendida por R$ 139.
Segundo a nota do grupo espanhol, "a Inditex, em parceria com o Ministério do Trabalho e Emprego do Brasil, vai reforçar a fiscalização do sistema de produção tanto deste fornecedor como de todos os outros".
Outra marca já foi flagrada em inspeção
São Paulo. Em abril, uma oficina que prestava serviço para a Argonaut uma das marcas de roupas da linha jovem da rede Pernambucanas foi flagrada com bolivianos que trabalhavam mais de 60 horas semanais por R$ 400.
A investigação revelada ontem começou a partir de outra fiscalização, em Americana (SP), em maio deste ano, quando 52 trabalhadores foram encontrados em condições degradantes. Parte do grupo costurava calças da Zara.
Império da moda. Grupo Inditex, do qual a Zara faz parte, tem mais de 4.000 lojas em 73 paísesA investigação revelada ontem começou a partir de outra fiscalização, em Americana (SP), em maio deste ano, quando 52 trabalhadores foram encontrados em condições degradantes. Parte do grupo costurava calças da Zara.
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