Cai mais um ministro depois de denúncias de corrupção
Em menos de três meses, quatro aliados de Dilma deixaram as pastas
Despedida. Wagner Rossi elencou suas realizações na carta de demissão endereçada à presidente WILSON PEDROSA/AGÊNCIA
Brasília. Pressionado por denúncias de corrupção, tráfico de influência e desvio ético, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, pediu demissão ontem. Foi o quarto ministro da presidente Dilma Rousseff a cair em um prazo de dois meses e dez dias. Três deles, na esteira de denúncias de enriquecimento suspeito e corrupção - Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes) e o próprio Rossi. O outro foi Nelson Jobim (Defesa), afastado por continuamente falar mal de colegas ministros.Rossi, um afilhado do vice-presidente Michel Temer (PMDB), havia sido blindado no cargo em troca de uma faxina nos postos abaixo, quase todos ocupados por protegidos seus ou parentes de políticos amigos. Ontem, O TEMPO já havia dado como certa a saída de Rossi.
Na carta de demissão, ele reclamou de ataques à sua família e atribuiu as denúncias à disputa política. Ele afirmou no documento que o alvo dos ataques é a aliança entre o PMDB e a presidente Dilma Rousseff.
O empurrão final para que o ministro da Agricultura tomasse o caminho de volta para casa foi dado nos últimos dois dias, com a notícia, publicada no "Correio Braziliense", segundo a qual ele e familiares utilizavam um jatinho da empresa Ouro Fino, que tem negócios com o Ministério da Agricultura. Antes, reportagem da revista "Veja" mostrara um lobista amigo da cúpula da pasta atuando nas licitações do ministério.
Ao ser questionado se o favorzinho não era antiético, Rossi disse que não. Mas o caso dele se enquadra, sim, no Código de Ética e Conduta dos Servidores Públicos. De acordo com informações de bastidores do Palácio do Planalto, o vice Michel Temer entendeu que não dava mais para segurar o afilhado, amigo de 30 anos e ex-cunhado.
Rossi estava no governo desde 2007. Primeiro, com a ajuda de Temer, assumiu a presidência da Companhia Brasileira de Abastecimento (Conab). Em abril de 2010, substituiu Reinhold Stephanes no Ministério da Agricultura. Dilma Rousseff atendeu a pedido de seu vice eleito e confirmou a permanência de Rossi à frente da Agricultura.
Na carta encaminhada à presidente Dilma Rousseff, em que pediu demissão, Wagner Rossi se disse inocente de todas as denúncias que são feitas contra ele. Procurou defender sua imagem, dizendo que conseguiu "importantes conquistas" para o setor. Elogiou ainda o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff.
Segundo Wagner Rossi, nos últimos 30 dias enfrentou diariamente uma saraivada de acusações falsas e sem provas.
Polícia. Nesta semana, a Polícia Federal abriu inquérito para investigar as denúncias de suposta corrupção no ministério. Há suspeitas de direcionamento de licitação, pagamento de propina e tráfico de influência na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Comissão foi criada antes da demissão
Brasília. Antes de pedir demissão, Wagner Rossi criou uma comissão de sindicância para apurar as denúncias de irregularidades no Ministério da Agricultura. Foram designados para a comissão o procurador da Fazenda Nacional, Hélio Saraiva Franca, o advogado da União Carlos Alberto de Oliveira Pinto e o agente administrativo do ministério Nadir da Costa Tavares. A portaria foi publicada ontem no "Diário da União".
A comissão terá 30 dias para apurar as denúncias de corrupção na pasta. Entre as denúncias estão o uso eleitoral da Conab e o suposto tráfico de influência.
A comissão terá 30 dias para apurar as denúncias de corrupção na pasta. Entre as denúncias estão o uso eleitoral da Conab e o suposto tráfico de influência.
AGRICULTURA
Líder do governo é indicado para a vaga de Rossi
Mendes Ribeiro deve deixar cadeira para o suplente Eliseu Padilha
Brasília. O nome do líder do governo no Congresso, deputado Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS), é indicado para o lugar de Wagner Rossi no Ministério da Agricultura. O nome foi confirmado por lideranças do PMDB que se reuniram, ontem, com o vice-presidente Michel Temer para discutir a sucessão na pasta. Rossi pediu demissão no final da tarde de ontem.
A escolha do PMDB ainda terá de ser levada à presidente Dilma Rousseff. Mendes não tem experiência na área de agricultura. No entanto, tem a simpatia de Dilma. Foi um dos únicos peemedebistas a fazer campanha pra ela no Rio Grande do Sul.
A escolha de Mendes Ribeiro resolveria várias equações políticas com a saída de Rossi, que era apadrinhado por Michel Temer. Em primeiro lugar, abriria vaga na Câmara para o suplente Eliseu Padilha (PMDB-RS). Presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Padilha é amigo de Temer e integrante da Executiva do PMDB.
Além disso, a vaga do ministério continuaria com o PMDB da Câmara e ficaria aberto o cargo de líder do governo no Congresso, que poderia ser negociada. O PMDB do Senado estava de olho nessa vaga.
Acordo. A saída de Wagner Rossi já teria sido combinada com Dilma há dois dias com o Planalto, como O TEMPO antecipou na edição de ontem. O Palácio do Planalto já tinha informações sobre a divulgação de novas denúncias de irregularidades no Ministério da Agricultura e, para afastar a crise sem criar novos desgastes, deu a Rossi a oportunidade de ele pedir sua demissão. Para compensar o PMDB, o vice-presidente Michel Temer ganhou a prerrogativa de fazer a indicação do novo ocupante do cargo.
A indicação do deputado Mendes Ribeiro para o Ministério da Agricultura confirma o acordo entre o PMDB e o governo. A nomeação deve ser confirmada pela presidente Dilma nos próximos dias.

A escolha do PMDB ainda terá de ser levada à presidente Dilma Rousseff. Mendes não tem experiência na área de agricultura. No entanto, tem a simpatia de Dilma. Foi um dos únicos peemedebistas a fazer campanha pra ela no Rio Grande do Sul.
A escolha de Mendes Ribeiro resolveria várias equações políticas com a saída de Rossi, que era apadrinhado por Michel Temer. Em primeiro lugar, abriria vaga na Câmara para o suplente Eliseu Padilha (PMDB-RS). Presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Padilha é amigo de Temer e integrante da Executiva do PMDB.
Além disso, a vaga do ministério continuaria com o PMDB da Câmara e ficaria aberto o cargo de líder do governo no Congresso, que poderia ser negociada. O PMDB do Senado estava de olho nessa vaga.
Acordo. A saída de Wagner Rossi já teria sido combinada com Dilma há dois dias com o Planalto, como O TEMPO antecipou na edição de ontem. O Palácio do Planalto já tinha informações sobre a divulgação de novas denúncias de irregularidades no Ministério da Agricultura e, para afastar a crise sem criar novos desgastes, deu a Rossi a oportunidade de ele pedir sua demissão. Para compensar o PMDB, o vice-presidente Michel Temer ganhou a prerrogativa de fazer a indicação do novo ocupante do cargo.
A indicação do deputado Mendes Ribeiro para o Ministério da Agricultura confirma o acordo entre o PMDB e o governo. A nomeação deve ser confirmada pela presidente Dilma nos próximos dias.
Ato falho demonstra preocupação
Brasília. Ao participar, ontem, da Marcha das Margaridas, a presidente Dilma Rousseff mostrou que não esqueceu os problemas políticos de seu governo.
No discurso, ao cumprimentar o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), Dilma o chamou de "Agnelo Rossi".
Menos de uma hora depois do evento, ela recebia de Wagner Rossi a carta de demissão do cargo de ministro da Agricultura.
No discurso, ao cumprimentar o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), Dilma o chamou de "Agnelo Rossi".
Menos de uma hora depois do evento, ela recebia de Wagner Rossi a carta de demissão do cargo de ministro da Agricultura.
SUBSTITUTO
Novo secretário é o interino
Brasília. A ministra chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Helena Chagas, anunciou ontem que o secretário executivo do Ministério da Agricultura assumirá interinamente a pasta no lugar de Wagner Rossi que pediu demissão do cargo ontem. Apesar de a nomeação ainda não ter sido publicada no Diário Oficial da União, o engenheiro agrônomo Gerardo Fontelles foi confirmado na secretaria executiva do ministério na última segunda-feira e é ele quem responderá interinamente pela Agricultura.
Helena Chagas contou que a presidente Dilma Rousseff lamentou a saída de Rossi e disse que ele deu "importante contribuição ao governo com projetos de qualidade que fortaleceram a agropecuária brasileira".
A presidente agradeceu o empenho, trabalho e dedicação do peemedebista. "Lamento ainda que o ministro não tenha contado com o princípio da presunção de inocência diante de denúncias contra ele desferidas", diz a nota de Dilma.
A ministra disse ainda que o pedido de demissão de Rossi foi uma iniciativa do próprio ministro.
Gerardo Fontelles fica no comando da Agricultura interinamente ANTONIO CRUZ/Helena Chagas contou que a presidente Dilma Rousseff lamentou a saída de Rossi e disse que ele deu "importante contribuição ao governo com projetos de qualidade que fortaleceram a agropecuária brasileira".
A presidente agradeceu o empenho, trabalho e dedicação do peemedebista. "Lamento ainda que o ministro não tenha contado com o princípio da presunção de inocência diante de denúncias contra ele desferidas", diz a nota de Dilma.
A ministra disse ainda que o pedido de demissão de Rossi foi uma iniciativa do próprio ministro.
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