domingo, 21 de agosto de 2011


Carros "made in China" chegam forte no mercado
NALU SAAD
Segurança das marcas ainda causa polêmica entre especialistas  

Depois de amargar um ano de desconfiança, os carros chineses começam a cair no gosto do consumidor brasileiro. Em Minas Gerais, por exemplo, a espera pelo QQ, da Chery, é de cerca de cem dias na concessionária Beijing. O J6, da JAC Motors, foi lançado na última semana na capital já contam com mais de 30 unidades vendidas na capital. No mês de julho, apenas três concessionárias da Chery e da JAC em Belo Horizonte venderam cerca de 300 veículos, ou seja, dez por dia.
A principal explicação
 para a adesão aos carros chineses é a relação custo/benefício. O QQ, por exemplo, sai por R$ 24.990 valor próximo aos modelos mais baratos fabricados no Brasil . Contudo, nos veículos que já estão no mercado esse preço é para unidades básicas, sem muitos acessórios, e com duas portas. Já o "QQ" tem quatro portas, ar condicionado, direção hidráulica, vidros e travas elétricos, air-bags duplos, freios ABS e aparelho de som CD/MP3.

"As vendas bombaram depois do QQ", comemora o gerente da Beijing, Fábio Costa Chavantes. Na concessionária, os negócios com carros chineses saltaram de R$ 1,6 milhão em junho para R$ 2,1 milhões em julho, aumento de 30%.

As vendas estão aceleradas também nas duas concessionárias da JAC Motors em Belo Horizonte. Em julho saíram quase 250 unidades de todos modelos da marca. Com o lançamento do J6, a meta é vender 400 carros neste mês de agosto, segundo a diretora de Marketing da JAC Barbara Nayara de Jesus Ribeiro.

Fábrica. O ritmo dos negócios no Brasil levou a JAC Motors a anunciar, na segunda-feira última, a instalação de uma fábrica no Brasil para entrar em operação em 2014. O investimento será de US$ 600 milhões e o início das operações está previsto para 2014. A montadora, no entanto, ainda não divulgou o local. Mercado aposta no Nordeste ou interior de São Paulo.
Manutenção barata atrai consumidores
O custo de manutenção dos carros tem sido um dos apelos de venda da Chery e da JAC Motors, marcas que mais venderam carros de passeio no Brasil nos últimos seis meses. As revisões do QQ, por exemplo, tabeladas, custam entre R$ 190 (primeira) e R$ 800 (40 mil km). A do J3, da JAC, que é tabelada, não passa de R$ 120. Aos 25 mil km rodados, o cliente pagará R$ 87. Outra atração da JAC é a garantia de fábrica de seis anos. (NS)
ANÁLISE
Segurança ainda causa controvérsia
Disputado. O modelo mais barato da Chery vem completo, tem garantia de três anos e custa R$ 24.990
A prometida invasão dos carros chineses pode andar em pleno curso. Muita propaganda e até fila de espera. Mas certas considerações precisam ser feitas antes da escolha de um "made in China". Como a legislação brasileira não exige dos fabricantes, nem de importadores, teste de impacto (frontal, lateral e traseiro), conhecidos como "crash-test", os chineses desembarcam por aqui apenas com certificação de laboratórios locais, que, evidentemente, não contam com a tradição e nem experiência dos avaliadores brasileiros e internacionais.

Ou seja, não atestam terem se submetidos aos exigentes padrões de segurança do EuroNcap ou NCap, respectivamente, entidades ligadas à segurança veicular da Europa e dos Estados Unidos. São essas provas que determinam a capacidade de absorção e deformação da carroceria em um acidente e as conseqüências que sofrem os ocupantes. Exibir a comprovação que o veículo seja de fato seguro, com testes de impacto feito através de um instituto reconhecido mundialmente, vai agregar ainda mais valor. Afinal, não basta ter em seu pacote de equipamentos o Air-bag (bolsas de ar infláveis) e o freio com sistema que não bloqueia as rodas, o ABS, se estes itens não foram testados, efetivamente, em uma simulação prática que tenha tido a inspeção de órgão de altíssima credibilidade.

Os chineses, em busca da trilha do carro ideal, precisam provar que seus produtos foram exaustivamente testados e, no caso de um acidente de maiores proporções, motorista e seus passageiros possam estar seguros dentro do habitáculo. Segurança ativa e passiva são itens fundamentais para o sucesso de um produto. De que adianta o Air-bag abrir no momento de uma colisão dianteira, por exemplo, se parte do motor invadir o habitáculo? Para evitar uma situação assim é que a célula de sobrevivência deve estar preparada para receber as deformações causadas pelo impacto.

Topic é um nome conhecido pelo consumidor brasileiro. Muitos se lembram de sua primeira passagem pelo nosso mercado, juntamente com a pequena van Towner. Com a mesma denominação uma fabricante chinesa, controlada pela CN Auto, importa a versão chinesa desta compacta "vanzinha" e ainda terá outras cinco versões deste modelo, além de apresentar a Splendor 7. Também sob a batuta desse importador, a Brilliance mostra seus modelos que serão importados, já a partir do início do ano que vem. Em São Paulo, houve a apresentação de quatro modelos, o hatch médio FRV e sua versão Cross, o sedã dele derivado FSV e o BS4.

Outra chinesa que entra nesta balaio é a Great Wall. São três modelos da marca no Salão: o SUV Coolbear, a picape média Wingle e o SUV Hover. Outra fábrica que se chama MG-Roewe produz o MG550, simplesmente o mais sofisticado carro chinês de todos os tempos. O modelo, que terá motor de 16V e 105 cv, vai contar com transmissão manual ou automática, seis airbags, controle de estabilidade dos pneus e deve concorrer com o Toyota Corolla e o Honda Civic. Além disso, o 550 virá com sistema Android 2.1, do Google, que engloba navegador GPS e acesso à internet com informações sobre o tráfego em tempo real.

Raimundo Couto
Editor de carro&cia.


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