domingo, 21 de agosto de 2011

mundo globalizado e dividido..


TERRITÓRIOS
Fronteiras difíceis de se cruzar
Revista aponta quais são os 13 limites entre países mais perigosos
Os conflitos não se produzem apenas no interior dos países. Em muitas ocasiões, eles acontecem nos limites territoriais. Instabilidade política, guerrilhas, cartéis de droga são alguns dos fatores que contribuem para a violência nas fronteiras.

De acordo com Rodrigo Correa Teixeira, professor de relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), analistas chegaram a pensar que, com a globalização, os países caminhavam para um mundo sem fronteiras. De acordo com esses estudiosos, o processo de integração econômica e a formação de blocos econômicos ajudariam a retirar a importância do território nacional. "No entanto, há alguns indícios que mostram que vamos pela direção contrária. O que vemos é uma obsessão por fronteiras. Nos últimos anos, construímos muros, fortalecemos limites territoriais como a fronteira dos EUA e México e a muralha da Palestina", afirma o professor.

O conceito de fronteira, daquela linha, que ao se estabelecer define noções de limites, é amplo. Para Teixeira, ela é o limite de dois mandantes, de duas soberanias, mas ao mesmo tempo que ela une e aproxima, gera contato com diferentes populações. "Existe um movimento de ideias interessantes nesses locais, elas se complementam, há uma zona de trocas", explica. Para Teixeira, boa parte da violência das fronteiras está relacionada com os recursos naturais dos países. "O Sudão e o Sudão do Sul, por exemplo, dividem jazida de petróleo. Angola e Congo dividem recursos hídricos. Dezenas de países possuem bacias hidrográficas que atravessam as fronteiras. A disputa por recursos naturais é um elemento importante", conclui.



Uma lista elaborada pela revista norte-americana "Foreign Policy" apontou as fronteiras mais perigosas do mundo, onde a violência predomina:

Venezuela e Colômbia. Centenas de rebeldes fazem da fronteira uma zona problemática. Cerca de 200 guerrilheiros que se escondiam na Venezuela cruzaram a linha divisória para retornar à Colômbia, aumentando a violência no local. Em março, a armada colombiana interceptou um caminhão da Venezuela que supostamente levava 1,5 t de explosivos destinados às Farc.

EUA e México. Compartilham uma fronteira de 3.120 km. A violência se instalou especialmente no lado mexicano dos limites, devido aos cartéis de drogas que operam na região. Somente neste ano, 20 mil pessoas morreram na zona. Em junho passado, El Paso (no Texas) foi considerada a cidade fronteiriça mais perigosa dos EUA.

Índia e Bangladesh. Cerca de mil pessoas de Bangladesh morreram na região. Essa foi uma das fronteiras mais sangrentas na década passada devido à imigração ilegal. Neste ano, o número de mortes diminuiu consideravelmente, e a Índia anunciou que usará armas não letais na fronteira.

Afeganistão e Paquistão. egundo a revista, a presença da rede terrorista Al Qaeda, a anarquia e os ataques aéreos são razões pelas quais essa fronteira se encontra na lista. Desde 2007, os conflitos deixaram numerosos mortos em ambos os lados da linha fronteiriça. Cada país culpa o outro pelas permanentes ofensivas dos insurgentes. O governo de Barack Obama incrementou os ataques aéreos para eliminar os grupos vinculados à Al Qaeda.

Índia e Paquistão. Com três guerras, mais de 115 mil mortos e armas nucleares em desenvolvimento, essa fronteira é uma das mais perigosas. Desde a criação, em 1947, a borda entre Índia e Paquistão foi marcada pela violência e pela disputa da conflitiva região da Caxemira.

Camboja e Tailândia. Dezenas de mortos e milhares de pessoas desalojadas entre ambos os países por disputas territoriais fazem dessa uma das fronteiras mais perigosas. Por anos, os dois países brigaram pelo Templo Preah Vihear, situado na linha divisória. Depois dos atos de violência em abril, no dia 4 de maio deste ano, foi acordado um cessar-fogo.

República Democrática do Congo e Angola. Milhares de congolesas e meninas expulsas da Angola são objeto de violações e de violência sexual pelas forças de segurança congolesas e angolanas que ficam situadas na fronteira. O número de mulheres que são abusadas sexualmente nesse local é alarmante.

Israel e Síria. A instabilidade na Síria é tal que muitos temem que a violência na fronteira é usada para distrair problemas internos do regime sírio. Por 37 anos, o limite entre esses países, que continuam tecnicamente em guerra, esteve tranquilo. Em junho, no dia do aniversário de 44 anos da Guerra dos Seis Dias, manifestantes tentaram entrar nos Altos de Golã. Representantes da Síria disseram que ao menos 23 pessoas foram assassinadas, enquanto o exército israelita anunciou que apenas dez tinham morrido.

Chade e Sudão. Grupos rebeldes armados possuem presos milhares de refugiados de Darfur, no oeste do Sudão. Apesar da normalização das relações, acordos de paz com os líderes de alguns grupos armados e uma união de forças para monitorar a fronteira, os conflitos inter-raciais e a violação dos direitos humanos continuam.

Coreia do Norte e Coreia do Sul. Calcula-se que cerca de 2 milhões de soldados estão nos arredores da fronteira. Mesmo que a zona desmilitarizada tenha se mantido relativamente tranquila nas últimas seis décadas, neste último ano, foram registradas algumas agressões por parte de ambos os países.

Sudão e Sudão do Sul. Dezenas de pessoas morreram por consequência de bombas e mais de 113 mil foram retiradas e desalojadas da fronteira do Sudão pela toma de Kordofán do Sul.
Arábia Saudita e Iêmen. É um local perigoso por causa da presença dos rebeldes Houthi no norte do Iêmen, da presença da Al Qaeda na península arábica e do fluxo massivo de imigrantes devido aos distúrbios em todo o Iêmen.

China e Coreia do Norte. Milhares de refugiados norte-coreanos entram na China de forma ilegal, o que complica a violência nessa fronteira. A China tem construído cercas de segurança perto de Dandong, um popular ponto de fuga dos norte-coreanos, que são severamente castigados quando capturados pelas autoridades da Coreia.

MÉXICO E EUA
Disputas de cartéis aumentam criminalidade
O mexicano Felipe Lazcano, 29, vive em Monterrey, a menos de três horas da fronteira com os EUA e sofre as consequências de estar tão perto do limite entre os dois países. Ele descreve a cidade de 3,7 milhões de habitantes como uma das mais perigosas do México.

"Embora não haja toque de recolher, há momentos que as pessoas não querem sair de casa. Os roubos de carros ou os assassinatos são crimes diários, assim como a notícia de que algum conhecido foi raptado. É preciso manter um baixo perfil, para não chamar a atenção dos criminosos", explica.

Para Felipe, o aumento do narcotráfico na fronteira contribui para os altos índices de criminalidade. "Toda essa guerra que se formou entre os cartéis e entre o exército nacional acaba prejudicando grande parte dos cidadãos que não estão envolvidos com o tráfico. Monterrey já foi um lugar mais tranquilo e com maior qualidade de vida", conclui. (HM)

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